sábado, 21 de fevereiro de 2009

Bússola sem ponteiro...



“Um barco a vela que partiu do cais buscando abrigo na ousadia do vento e do mar”.

Por mais que eu tenha buscado abrigo em algum outro cais, por mais que um bom número deles tenha surgido, o amparo não veio, o vazio não deixou de existir, e eu continuei a me sentir tão sozinha entre o vento e o mar quanto me sentia à beira daquele cais que já não me queria como membro seu.
Tentei explicar tantas coisas sobre aquele pergaminho que pôs um ponto final entre mim e ele, que esqueci de perguntar a mim mesma quais as minhas condições de ser, se minhas ações também não estavam ocultas, se eu também não tinha errado.
Enquanto me sentia descartada esqueci das coisas boas que o pergaminho havia me concedido, toda a sua história já escrita, todo o seu conhecimento, sua companhia, as páginas em branco que me deixou escrever, dos presentes com os quais me mimou, e eu não via, achava que não havia ganhado nada, apenas doado.
Hoje, ao sentir falta de alguma coisa na imensidão desse mar, lembro de que também não valorizei tudo que tinha.
E então por que não voltar para o cais de onde parti?
Parece que algumas vezes o vento esta querendo que eu faça isso, pois tudo indica que ele esta me dando a direção para regressar, mas já naveguei tanto, mesmo que em tão pouco tempo, e tanta coisa já mudou, que a dúvida da certeza não permite que minhas mãos girem o leme do meu barco.
Há muito tempo minha bússola não aponta para lugar algum, acho que já não saberia mais voltar.

Daniela Moreira



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Nunca pensei que seria um barco à vela

Olá pessoal
Ainda ontem encontrei muitos barcos atracados, não pude deixar de notar que estavam ali há muito tempo, pois o limo revestia sua identidade e o lodo lhes dava aparência de velhos. Enquanto passava naquele cais onde cujas esperanças estavam em óbito lembrei que eu já havia feito o mesmo, via as coisas apenas como eram, e não como poderiam ser, a tradição paralisou minha mente. O tempo passava e eu mesmo insatisfeito, somente olhava a corda que me prendia naquele velho e acomodado cais, na verdade eu tinha medo dela.
O tempo passou e daí começou a aparecer pessoas cujas ações e palavras agiam como lâminas nessa corda, eu sem entender pensava: não podem cortar ela, se não vou ficar a deriva; chegou ao ponto em que a corda estava prestes a romper e foi então que alguém veio e disse: O mundo é o teu limite, pena que não sabes. Isso fez uma revolução dentro de mim, colocaram em guerra meus desejos e ambições contra a tradição e a paralisia que me tomou durante anos.....e hoje!?, hoje me sinto com três metros de altura, a corda que me prendia usei para colocar mais uma vela em mim, pois agora tenho de aproveitar os ventos que tornam reais meus desejos.
Esse alguém que um dia serviu como espelho para que eu pudesse ver o reflexo que a “água” distorcia está navegando, e eu!?, Eu não ficarei na ilha, irei tão longe quanto pode ser medido, os mares estão a minha espera, e quem sabe um dia encontro essa pessoa novamente, e dizer que enquanto navegava podia ver seu rosto nas montanhas em conjunto com as belezas do céu e a leveza dos pássaros.
Enquanto desapareço no horizonte vejo que alguém ficou na ilha de onde parti, não o conheço assim como muitos outros barcos, mas deixei um pergaminho em uma garrafa contando minha história talvez sirva para alguma coisa.
Roger Dutra Rad

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A letra que deu origem à série

BARCO À VELA

Busquei palavras que pudessem traduzir o teu caminho
No dicionário do meu ego o teu verbo está oculto
Busquei sujeitos pra determinar a oração
Na frase fica tão explícita a tua condição de ser

Um pergaminho que ficou perdido em uma ilha
Nas entrelinhas do vento e do mar

Busquei sinônimos que levassem sua cabeça ao chão
E são escravos manuscritos das folhas que pedem perdão
Busquei resumos que pudessem traduzir o meu caminho
No texto fica encoberta a minha pretensão de ser

Um barco à vela que partirá do cais buscando abrigo
Na ousadia do vento e do mar